👋 Olá, o meu nome é Jorge. Bem-vindo a mais uma edição da minha newsletter. Tenho como objetivo acelerar a literacia financeira e ajudar a ‘descomplicar’ o conceito de investir, em Portugal. Invisto desde 2018.
Numa sociedade em que estamos sempre à procura de mais..
mais amigos, mais followers, mais likes,
mais comida, mais sexo
mais dinheiro, mais retornos, mas..
Nem sempre mais é melhor. E por vezes é preciso colocar as coisas em perspectiva.
Por isso, hoje quero partilhar esta pequena história contigo.
Deparei-me com ela há alguns anos. E hoje, o Francisco Quadrio Monteiro - um dos autores do podcast Markets à Portuguesa, que eu também já recomendei na primeira edição do Quiosque Financeiro - relembrou-me da parábola do pescador mexicano e do banqueiro de investimento.
O Francisco, no seu LinkedIn recorda e corretamente diz:
Com a questão da "literacia financeira" completamente na moda atualmente na sociedade portuguesa, é importante não nos esquecermos do fundamental.
“It is not the man who has too little, but the man who craves more, that is poor. ” - Seneca
A parábola teve um impacto imediato em mim, mudando a forma como vejo a produtividade, o dinheiro e a questão da abundância e desejos (a cultura do mais e mais).
Mesmo que já tenhas ouvido esta história antes, espero que o lembrete te seja útil.
A parábola do pescador mexicano
Um banqueiro de investimentos americano estava no cais de uma pequena vila costeira mexicana quando um pequeno barco com apenas um pescador atracou. Dentro do pequeno barco havia vários atuns albacora.
O americano elogiou o mexicano pela qualidade do seu peixe e perguntou-lhe quanto tempo tinha demorado a apanhá-lo.
O mexicano respondeu: "só um bocadinho".
O americano perguntou-lhe então porque não ficava mais tempo e apanhava mais peixe.
O mexicano respondeu que tinha o suficiente para satisfazer as necessidades imediatas da sua família.
O americano perguntou então: "mas o que fazes com o resto do teu tempo?"
O pescador mexicano respondeu: "Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, faço sestas com a minha mulher, Maria, e dou um passeio pela aldeia todas as noites, onde bebo vinho e toco guitarra com os meus amigos. Tenho uma vida cheia e ocupada".
O americano troçou. "Eu tenho um MBA em Harvard e posso ajudar-te", disse ele.
"Devias passar mais tempo a pescar e, com os lucros, comprar um barco maior. Com o dinheiro do barco maior, podias comprar vários barcos e, eventualmente, terias uma frota de barcos de pesca. Em vez de venderes o teu peixe a um intermediário, poderias vender diretamente, abrindo eventualmente a tua própria fábrica de conservas. Podias controlar o produto, a transformação e a distribuição", disse. "Claro que terias de deixar esta pequena aldeia piscatória costeira e mudar-te para a Cidade do México, depois para Los Angeles e, por fim, para Nova Iorque, onde poderias gerir a tua empresa em expansão."
O pescador mexicano perguntou: "Mas quanto tempo é que isso vai demorar?"
Ao que o americano respondeu: "Oh, 15 a 20 anos mais ou menos".
"Mas e depois?", perguntou o mexicano.
O americano riu-se e disse: "Essa é a melhor parte. Quando chegasse a altura certa, anunciavas uma IPO , vendias as acções da tua empresa ao público e ficavas muito rico. Ganharias milhões!"
Um parêntesis, Initial Public Offering (IPO), ou oferta pública inicial é quando uma empresa privada oferece ações ao público numa nova emissão de ações. Para que depois as ações emitidas comecem a ser negociadas. Continuo com a história..
"Milhões - e depois?"
O americano disse: "Depois podias reformar-te. Mudavas-te para uma pequena aldeia piscatória costeira onde podias dormir até tarde, pescar um pouco, brincar com os teus filhos, fazer sestas com a tua mulher e passear até à aldeia à noite, onde podias beber vinho e tocar guitarra com os teus amigos."
Para refletir:
Caímos constantemente na armadilha da corrida dos ratos. Muitas vezes, priorizamos o nosso tempo em função do que não queremos fazer e gastamos os escassos restos naquilo que gostaríamos de fazer.
Infelizmente, neste processo, perdemos a oportunidade de viver a vida que queremos viver no futuro.
Mas, se cada um de nós reservasse um pouco mais de tempo para tocar guitarra com os nossos amigos hoje, em vez de um amanhã distante, talvez também pudéssemos começar a viver vidas plenas e ocupadas. Dá que pensar não?
Obrigado por leres. Vamos falando, bons investimentos!
Fonte: provavelmente Heinrich Böll’s Anekdote zur Senkung der Arbeitsmoral
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"Caímos constantemente na armadilha da corrida dos ratos" -> engraçada a perspectiva que dás a esta metáfora. Aqui focas em balancear o que queremos agora com o que queremos no futuro. Quando normalmente se fala nela para justificar o que devemos fazer hoje para desfrutar depois (provavelmente por causa do livro "Rich Dad, Poor Dad"). Gosto mais da tua moderação :)