Manifesto: como invisto o meu dinheiro
Construir um portfólio de ETFs e ações individuais em busca da outperformance
👋 Olá, o meu nome é Jorge. Bem-vindo a mais uma edição da minha newsletter. Tenho como objetivo acelerar a literacia financeira e ajudar a ‘descomplicar’ o conceito de investir, em Portugal. Invisto desde 2018.
Junta-te a mais de 1200 subscritores a quem escrevo e falo sobre dinheiro.
Investir faz parte da minha rotina diária, tal como escovar os dentes ou acompanhar as notícias sobre empresas e mercados. Um bichinho que começou em 2018 e que o meu trabalho como Product Manager em brokers (Degiro e Swissquote) nos últimos cinco anos amplificou.
Bater o mercado de forma consistente é um desafio.A conta de ações individuais na IBKR é um reflexo disso: uma tentativa consciente de superar os índices, mesmo sabendo que não é fácil.
Como diz a minha mãe, "quem corre por gosto não cansa". A minha imperativa aqui é partilhar informação e mostrar como faço certas decisões, com o objetivo de escalar conhecimento e criar valor.
O Core dos meus Investimentos
Os meus investimentos são estruturados de forma clara com cerca de 50% alocados a ETFs e 50% a ações individuais, em duas partes principais:
ETFs como a base segura e estável.
Ações individuais para gerar alfa (retorno acima do mercado).
Nos ETFs, escolhi dois pilares principais:
Amundi S&P 500 UCITS ETF - EUR (C), ISIN: LU1681048804, comprado na DEGIRO na Bolsa de Paris (EPA);
iShares Core MSCI World UCITS ETF USD (Acc), ISIN: IE00B4L5Y983, comprado na DEGIRO na Bolsa de Amsterdão (EAM).
Estes ETFs garantem diversificação global e são o alicerce da minha carteira. São escolhas conscientes a muito longo prazo baseadas em baixo TER, cumulativos (política de dividendos) e boas gestoras BlackRock e Amundi. Tenho dado mais prioridade ao S&P 500 já que estou menos positivo no panorama europeu, a medio/longo prazo.
Uma abordagem sólida que segue o princípio básico de diversificação e gestão de risco, ainda que esteja muito investido em equities. Funciona para mim. Quero assumir mais risco numa fase inicial da minha carreira e carteira, daí a exposição quase 100% a equities.
Os outros 50% da minha carteira estão alocados a empresas que admiro e que passam pelo meu processo de "due diligence". Identifico estas empresas através de plataformas como Twitter e Substack e de analistas que subscrevo mensalmente, onde encontro ideias e insights de qualidade. Quando uma empresa desperta o meu interesse, analiso-a e avalio se a sua tese de investimento faz sentido, para mim.
As empresas que escolho para investir são muitas vezes lideres de mercado, founder-led, com margens de lucro e crescimento de revenues altos que se transformam numa vantagem competitiva. Estes são alguns dos meus critérios usados para decidir entre investimentos. Gosto de manter a carteira relativamente concentrada com um máximo de 15 empresas e uma exposição a cada empresa de 15%. Caso uma empresa supere os 15% a partir faço um trimming por forma a controlar a sobre-exposição.
Como sabem, se em algum momento, perceber que não estou a superar o mercado com este portfólio, não vou hesitar em alocar 100% do património a ETFs. Ganhando na performance e no tempo despendido. Isto é crucial para mim.
A Minha Estratégia: Barbell Adaptada
Sigo uma adaptação do conceito de "Barbell Strategy" do matemático Nassim Taleb. A sua abordagem divide o portfólio em 80-90% de investimentos com baixa probabilidade de perda ("sure bets") e 10-20% de apostas com elevado potencial de retorno ("wildcards").
O uso da estratégia "Barbell" é um conceito bem fundamentado. Aqui, destaco os ETFs como "sure bets" e as ações individuais como "wildcards" o que se alinha ao raciocínio do matemático, que privilegia a segurança enquanto se busca exposição a retornos elevados.
Na minha interpretação, os ETFs representam os 90% seguros, enquanto as ações individuais correspondem aos 10% mais arriscados. No entanto, atualmente, a minha "barbell" está mais próxima de 50/50. A distribuição vai mudar no futuro consoante a minha "outperformance" ou não. Se concluir que uma alocação total a ETFs é mais eficiente, não hesitarei em mudar.
Controlo de Risco e Lições Aprendidas
Uma estratégia que me inspira é a de um investidor que respeito, ele sempre que uma pick de ação tem um desempenho excecional e cresce demasiado no portfólio, ele vende parte da posição (o tal trimming) e reinveste os lucros em ETFs. Este mecanismo de "lock-in" dos ganhos é um exemplo brilhante de controlo de risco e disciplina.
O controlo percentual de cada posição também é uma estratégia de risco que tenho em pratica para que nenhuma posição cresça em demasia.
O mesmo com o número de posições total da carteira. Primeiro, o meu tempo é limitado e monitorar 15 posições já é desafiante, imagina 30 posições ou mais.. é para isso que tenho o ETF que faz o seu papel de diversificação. Segundo, ter uma hard rule de 15 posicoes faz com que se me aparece outra empresa que goste, tenha de reavaliar uma em detriorimento dessa para ser incluida no portfolio.
Conclusão
Investir é simples – mas apenas se o tornarmos simples. Uma transferência mensal para um ETF do S&P500, numa corretora fiável e sem grandes custos de custodia é tudo o que precisas.
Para os que procuram o delta, o foco deve estar no essencial, ignorando o ruído. Os melhores investimentos explicam-se com contas de guardanapo. O mercado recompensa a paciência e a disciplina, nunca a impulsividade. Bons investimentos!
Disclaimer
Aqui vais encontrar informação e opiniões do autor, o que não vais encontrar é aconselhamento individual nem recomendações
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Esta newsletter é para os investidores que conseguem tomar as suas decisões de investimento sem aconselhamento. Não sendo analista financeiro o autor não providencia aconselhamento individual nem recomendações de investimentos.
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